Acolhida ao Migrante
ACOLHER é um verbo de origem latina ACOLLIGERE:“levar em consideração, receber, acolher”. O AD= “a”+ COLLIGERE: “reunir, juntar”, este formado por COM:“junto” + LEGERE:”reunir, coletar, recolher”. São muitos os sinônimos que derivam do verbo acolher como: receber, agasalhar, recolher, amparar, apoiar, abrigar, proteger, refugiar, resguardar, dar atenção, escutar, acomodar, asilar, atender, considerar, hospedar. Todos esses verbos nos colocam num horizonte do que significa fazer uma acolhida ao migrante. São ações de direitos humanos, nobre e dignificante, que requerem envolvimento e parcerias de instituições e de pessoas de boa vontade.
Como cristã e cristãos, frente a realidade complexa da MIGRAÇÃO de muitos povos, precisamos de criticidade para agirmos coerentemente com o Evangelho que seguimos – de Jesus Cristo. Nele encontramos o verdadeiro testemunho de pessoa que acolhe e que, ainda hoje, nos desafia e nos inquieta para mudanças de atitudes e novos estilos de vida.
Olhemos, brevemente, como Jesus acolhia as pessoas vamos perceber que seus gestos e palavras iluminam e apontam critérios para o nosso agir hoje. Constatamos que Jesus sempre acolhia as pessoas que iam ao seu encontro ou que eram levadas até ele (Lc 9,10-12;Lc4,40; Lc 8,50; Mc1,32;Mt 8,1ss.;Mt9,36; Mt14,14;Mt19,13-15). Jesusmesmo superou preconceitos, como aconteceuno encontro com a mulher Cananéia, em Mt 15,21-28. Também, foi criticado por acolher pessoas consideradas inferiores e pecadoras (Lucas 15,2; Jo 4,1ss). Mas, permaneceu fiel ao projeto do Reino de Deus. Educou e ensinou seus discípulos e suas discípulas a acolherem os pequeninos( Mt 10,40; Mt18,5; Lc 18, 5-17.40). No final, ele vai dizer àqueles que acolheram participar de seu Reino: “Vinde benditos de meu Pai, recebei o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Teve sede e me deste de beber. Era forasteiro/migrante e me acolhestes(Mateus25,34b-35).Entretanto, Jesus provou que é possível viver a solidariedade, promover a cultura da paz e vivermos a civilização do amor, no planeta Terra, porque todos nóssomos seres humanoscriados à imagem de Deus (Gn 1,27) e formamos uma a família humana, multicultural.
Paulo, o apóstolo, alertava as primeiras comunidades cristãs para que tivessem um coração aberto para acolher. (Cf. 2Cor 6,11-13; Rm 14,13) e as encorajava na superação der divisões(1Cor 1,10; 12,25). Hoje, o Papa Francisco nos convida, sobretudo como comunidade cristã, a acolher os refugiados e migrantes como sinal de nossa catolicidade, que significa amar e hospedar a todos, indistintamente. Ele afirma: “Quando formos capazes de considerar o migrante como uma riqueza para a nossa sociedade, então seremos capazes de praticar uma verdadeira acolhida e teremos êxito ao dar-lhes o que nós recebemos no passado: é importante agir com responsabilidade, sem fomentar o medo ao estrangeiro”. E, faz um apelo para uma maior responsabilidade na gestão da migração: “A migração é gerida com humanidade, oferecendo uma oportunidade de encontro e de crescimento a todos. Não podemos perder o senso de responsabilidade fraterna. A defesa do ser humano não conhece barreiras: estamos todos unidos no desejo de garantir uma vida digna a cada homem, mulher e criança obrigados a abandonar a sua terra” (https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-assegura-que-a-acolhida-a-refugiados-e-sinal-de-catolicidade-25257).
Ma. Ir. Josete Rech-IENS